Como projeto no Pará quer recuperar floresta desmatada vendendo crédito de carbono?
Como projeto no Pará quer recuperar floresta desmatada vendendo crédito de carbono?
Estado anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, a COP 30, o Pará já liderou o ranking de desmatamento no Brasil e quer mostrar ao mundo como transformar áreas degradadas em floresta novamente e ganhar dinheiro mantendo a Amazônia em pé.
🌳A proposta é utilizar o mercado de créditos de carbono para recuperar áreas já derrubadas e, ao mesmo tempo, garantir receita com a preservação.
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Embora o desmatamento na Amazônia tenha diminuído em 2024, os números ainda deixam clara a dimensão do problema.
Só em 2024, o Pará perdeu 2,3 mil quilômetros quadrados de floresta — uma área 55% maior que a cidade de São Paulo. O custo para restaurar tudo é bilionário.
Uma das respostas para custear o florestamento está no primeiro projeto do Brasil voltado à recuperação de floresta pública com venda de créditos de carbono.
A iniciativa está sendo implementada na Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu, em Altamira. São 10,3 mil hectares, área maior que Belém inteira, que serão reflorestados pela iniciativa privada.
O projeto de restauração de floresta e venda de créditos de carbono funciona assim:
cada árvore replantada absorve gás carbônico da atmosfera;
a quantidade capturada é medida e certificada internacionalmente;
um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 retirada do ar;
empresas compram esses créditos para compensar suas próprias emissões de gases do efeito estufa.
Existem dois tipos principais de créditos:
o REDD+, que conserva a floresta existente,
e o ARR, que recupera áreas desmatadas.
O projeto no Pará é do tipo ARR, sendo previsto o florestamento em área antes usada como pasto para criação ilegal de gado.
💰O investimento previsto é de R$ 258 milhões. Em 40 anos, a receita pode chegar a R$ 869 milhões. Segundo o governo, o reflorestamento sequestrará 3,7 milhões de toneladas de CO2, o equivalente a retirar quase 9 milhões de carros das ruas por um ano.
Os créditos gerados na Amazônia, o chamado “ouro verde”, já está sendo procurado. Multinacionais reservaram mais de R$ 1 bilhão para comprar créditos da região.
Atualmente, um crédito no Brasil varia entre US$ 10 e US$ 30 por tonelada, enquanto na Europa pode alcançar 57 euros — quase R$ 400. O mercado global já movimenta em torno de US$ 850 bilhões por ano.
Impactos sociais
Além da questão ambiental e financeira, o projeto em Altamira promete gerar efeitos diretos na comunidade. Foram anunciadas duas mil vagas de empregos, capacitação de moradores em técnicas de viveiro, coleta de sementes e turismo de base comunitária.
Um Centro de Desenvolvimento também está previsto para ser construído. O espaço vai oferecer serviços públicos na região, ampliando o acesso a oportunidades e infraestrutura.
O outro lado
Apesar das promessas, o mercado de créditos de carbono ainda enfrenta desafios. Projetos fraudulentos no Brasil e no exterior abalaram a credibilidade do sistema.
Por isso, especialistas ressaltam a importância de auditorias e transparência para garantir confiança.
No caso do projeto Redd+ no Pará, o Ministério Público Federal (MPF) pediu, em junho, a anulação de um contrato bilionário de créditos de carbono entre o estado do Pará e uma coalização estrangeira. O órgão pediu à Justiça Federal que fosse aplicada multa de R$ 200 milhões.
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MAIS VÍDEOS sobre a COP:FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-30/noticia/2025/09/07/como-projeto-no-para-quer-recuperar-floresta-desmatada-vendendo-credito-de-carbono.ghtml